Do jornal "O Imparcial":
A natureza desenvolve um sistema compartilhado de gestão. O trabalho é desenvolvido em rede, como o nosso cérebro, por exemplo. O encadeamento neural nos permite perder neurônios sem provocar maiores danos à capacidade motora ou de raciocínio. Perdemos milhões deles durante a vida. Por que então continuamos com uma vida normal?
Os estudos pregam a teoria de redes em três níveis: centralizado, multicentralizado e distribuído. A natureza lança mão do modelo distribuído de atividade. Aquele no qual cada indivíduo é um centro de conhecimento e ação. Lembre-se da rede neural. Um único neurônio desempenha sua atividade e absolve a do par ao qual está interligado. Se um desaparece, o outro consegue desempenhar a função sem grandes perdas, porque também sabe o que fazer.
Ao contrário do que ocorre em muitas empresas, que preferem a administração por meio de multicentros que burocratizam a comunicação e a geração do conhecimento. "Somos uma rede fractal de seres independentes", prega o professor da Escola de Redes da Dom Cabral, Augusto de Franco. Nas empresas, explica, costuma-se buscar a descentralização das atividades. Elege-se gerentes, delega-se funções e assim afasta-se o caráter centralizador da gestão.
Mas o modelo sustentável de gestão exige um trabalho distribuído. "A Sustentabilidade coorporativa tem de transformar e compartilhar os processos de transformação. É preciso trabalhar em escala, com envolvimento global", prega o escritor e consultor em Sustentabilidade Fernando Almeida.
O que as empresas buscam, por exemplo, é condição essencial para existência de entidades como a Central Única de Favelas (Cufa). O trabalho em rede é desenvolvido em várias dimensões. E é assim desde a origem. Presente em 10 cidades do Maranhão, a Cufa produz uma rede comunicacional com 600 pessoas, interligadas e tomando decisões diariamente.
"Estamos sempre crescendo, agregando. Não existe uma hierarquia definida. O que existe é uma troca constante de informação e conhecimento e as pessoas vão ocupando seu espaço de destaque pela liderança que demonstram e capacidade de coordenação", comenta o coordenação estadual da Cufa no Maranhão, Billy Welsley.
Primeiro, a Central trabalha nas comunidades na identificação de seus líderes. Talento descoberto, chega a hora de identificar o que esse membro faz de melhor e dar-lhe condições de irradiar esse conhecimento na transformação do ambiente ao seu redor. "Temos um plano de extensão e vamos aumentando as bases. Precisava preparar as pessoas para que elas possam multiplicar o que a Cufa quer. É um processo de formação. Nosso lema que é preparar os escolhidos", completa.
A comunicação ocorre, basicamente, por internet. "Ela é o pulmão da Cufa", prega Billy. Sem ela, ficaria difícil encurtar distâncias e vencer as fronteiras geográficas. No Brasil inteiro, milhares de pessoas se comunicação via rede, elencando ações e debatendo ideias transformadoras. "Estamos sempre buscando uma visão diferente do que existe. Um olhar mais original", revela.
A Central e a Sustentabilidade
A Cufa no Maranhão, em 2011, beneficiou aproximadamente oito mil pessoas. Foram realizados mais de 30 cursos profissionalizantes no Estado em parceria com o Senai. Atualmente, ela trabalha com oficinas de esportes, atividades culturais e desenvolve o projeto educativo Cufa Verde, voltado para a proteção do meio-ambiente. Em 2012, eles irão intensificar o trabalho nas comunidades promovendo campanhas de prevenção contra o consumo de crack. "A origem de tudo é a Sustentabilidade. Nossa ideia principal é o protagonismo dentro das comunidades", diz Billy Wesley.
Parceria Cufa e O Imparcial
Quem avistar o prédio de O Imparcial verá um painel artístico criado por grafiteiros da Cufa em homenagem a Sustentabilidade. Uma imagem de um planeta que remete a biodiversidade e prega um relacionamento mais sustentável entre homem e natureza. Deste desenhou originou-se a foto que ilustra a capa desta edição. A arte foi produzida pelo grafiteiro e arquiteto Gil Leros e o arquiteto Antônio Andrade. Na Cufa há quatro anos, Gil busca a união de cores para dar vida à arquitetura da cidade. "Percebemos que São Luís está muito bege. Queremos quebrar isso, aliando arte e arquitetura", diz ele.
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