terça-feira, 22 de março de 2011

O lixo, a família e o trabalho infantil

Por Maria da Conceição Freitas
Coordenadora da CUFA Bahia

A precariedade nas condições de vida e sobrevivência das famílias brasileiras leva crianças e adolescentes a enfrentar uma batalha diária para complementação e manutenção da renda familiar. O reflexo imediato desse processo recai sobre o aumento da evasão escolar e aliado a isto cresce a exposição destas crianças aos perigos existentes nas ruas, o que contraria os direitos assegurados no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Geralmente elas atuam em atividades que apresentam risco a sua integridade física ou de caráter subalterno, enfrentando jornadas de trabalho de até 12 horas por dia.

Dentre as atividades exercidas há que se destacar o trabalho nos lixões e a coleta nas ruas. Ainda nas ruas elas estão sujeitas as mais diversas contaminações através do manuseio inadequado dos resíduos. Esses resíduos são oriundos de segmentos diferenciados, embora todos sejam passiveis de contaminação, alguns apresentam maiores danos à saúde, a exemplo dos resíduos de saúde, provenientes de materiais utilizados em hospitais e que em tese deveriam ter destino adequado, bem como, pilhas e baterias de celular. Esta situação as submete a todo tipo de violência e a discriminação, principalmente devido ao tipo de atividade que desenvolvem.

Outro ponto a destacar são as alterações que são processadas no convívio familiar. A estrutura familiar destas crianças normalmente é confusa, onde seus pais são de uma forma absoluta, trabalhadores com grau de instrução baixo ou inexistente - trabalham como biscateiros e a falta de formação dificulta a sua inserção no mercado de trabalho. Daí o início de uma vida envolvida no lixo, por pura falta de alternativa e por necessidade de sobreviver. Em média essas famílias apresentam renda equivalente a um salário mínimo e esse é o único exemplo que os menores têm. Infelizmente a maioria não apresenta perspectiva de vida muito diferente da de seus pais, quando o desdobramento desta situação não os leva a uma situação de marginalidade e muitos são atraídos definitivamente para o crime.

Torna-se urgente à criação de políticas públicas sérias que desconstruam essa realidade assegurando aos "meninos e meninas do lixo" uma vida digna e condizente com o seu tempo. 

terça-feira, 15 de março de 2011

Maranhense torna-se coordenador nacional da CUFA LGBT

O coordenador da CUFA Coroatá, Cleo Freitas, foi nomeado pelo Conselho Nacional da CUFA Brasil o mais novo coordenador da Frente Nacional de LGBT da organização. A nomeação foi anunciada pelo secretário geral da organização, Celso Atahyde (RJ), durante o VI Encontro Nacional da CUFA, que ocorreu em Fortaleza (CE), entre os dia 16 a 20 de fevereiro deste ano.

A CUFA LGBT, frente estratégica da entidade, é voltada para a criação e desenvolvimento de ações que possam impactar diretamente na vida de lésbicas, gays, bissexuais e travestis e transexuais, moradores em espaços que estão em desvantagem social (favelas e periferias), bem como a discussão da temática.

Tal como todas as outras frentes de trabalho estratégico da Central Única das Favelas - CUFA, o núcleo LGBT objetiva o equilíbrio social, por meio do reconhecimento dos Direitos Humanos e no trabalho de construção de políticas públicas para esta parcela da sociedade brasileira.

A CUFA LGBT nasceu em 2010, durante o 5º Encontro Nacional da CUFA, que ocorreu em Porto Alegre - RS (27 a 31/01/2010), sendo coordenada a partir daquele momento pelo jornalista baiano Danillo Bitencourt. No encontro do ano seguinte, que ocorreu em Fortaleza - CE (16 a 19/02/2011), o Conselho Nacional da organização nomeou o estudante maranhense Cleo Freitas (CUFA Coroatá) para articulador da frente.

terça-feira, 8 de março de 2011

Do Direito das Mulheres Negras se Sentirem Mulheres

Por Neusa Baptista, Núcleo Maria Maria CUFA MT

Há cerca de duas semanas, cortei curtinho meu cabelo. O cabelo, aliás, me surpreende a cada dia com sua capacidade de revelar e provocar. Foi o que aconteceu desta vez.Por onde eu andava, cabeças masculinas e femininas se viravam para ver meu cabelo. A princípio, pensei comigo mesma: o que foi que eu fiz? Sentia-me menos mulher e ao mesmo tempo pensava: agora preciso me vestir com muita feminilidade, pois com este cabelo curto, posso passar por homem. De repente me vi numa loja de 1.99 em meio a tic tacs, lacinhos, brincos coloridos e outras coisas. Na ânsia de mostrar o quão feminina era, tornei-me mais feminina mesmo. Em atos e palavras. Por que isso não tinha acontecido antes? Com meu cabelo crespo e curto, recebi muitos olhares de reprovação, riso, espanto. Além de crespo, ainda curto! Pasmem! Comentei com meu cabeleireiro (Jair Vip’s, um beijo!) que “mulher de cabelo curto sofre preconceito” e ele ficou espantado!

Aos poucos, fui me acostumando e aprendendo a ‘dominar’ o meu curtinho, de modo que ele parecesse ao mesmo tempo, natural e bem cuidado. Engraçado, é só a gente começar a se achar bonita que as pessoas em volta fazem coro! O contrário também acontece, claro. Quer que os outros falem bem de você? Comece a falar bem de você. E isso não pode ser do tipo “Eu sou o máximo”, mas do tipo “ Nós podemos ser o máximo juntos”. Piegas né? Não consegui pensar em nada melhor. rs. Enfim.

O meu cabelo curtinho me obrigou a pensar mais em minha feminilidade. E isso se deu ainda somado ao fato de ele ser crespo. Isto é, geralmente, os homens negros utilizam o cabelo raspado e as mulheres alisado. Portanto, o fato de eu ser negra não me ajudava muito mesmo. Mas se tem uma coisa que eu gosto é de chamar a atenção para o meu cabelo! Sério. Quando meu cabelo não chama a atenção, eu acho que ele não cumpriu seu papel, que é o de ser mensageiro de algo positivo sobre a negritude. Enfim. Tal como ocorreu há muitos anos com o meu penteado rastafári, o curto que a princípio parecera ‘feio’ e ‘masculino’ se revelou, na verdade, versátil, irreverente, delicado e feminino!

Mas  a meu ver, isso só aconteceu porque era crespo, e porque eu sou negra, e sou mulher. Muitos papéis, significados, lugares, atitudes a tomar... Para pra pensar: se a mulher branca (ou não negra) já tem problemas, pensa na negra. Pensa. Então, por isso quando vejo uma mulher negra se destacando, não sei da vida íntima dela, mas imagino que deva ter enfrentado alguns obstáculos que poderiam ter sido evitados se o País fosse menos racista, machista etc.

Por isso, neste 8 de Março, um abraço especial a todas as mulheres pretas (negras, pardas, índias, gordinhas, baixinhas, comuns) do Brasil.

Neusa Baptista é autora do livro infantil "Cabelo Ruim?"

quarta-feira, 2 de março de 2011

CUFA São Luís promove arrastão

A CUFA São Luís promoveu o Arrastão da Terceira Idade onde os idosos da ilha fizeram uma divertida passeata.